As doenças dos animais cada vez mais se apresentam como grandes
ameaças à sustentabilidade dos sistemas produtivos e do acesso a
mercados. Fatores biológicos, ambientais e socioeconômicos favorecem o
surgimento e o reaparecimento de enfermidades, assim como sua
disseminação entre as populações animais. Assim, garantir serviços de
saúde animal competentes, estruturados e aptos para detecção e adoção
precoce de medidas sanitárias é fundamental para um mundo com mais saúde
e mais segurança alimentar.
No Brasil, a gestão da saúde animal é
especialmente complexa devido às grandes dimensões e diversidades
ambientais, culturais, econômicas e dos sistemas produtivos. Também a
condição de grande exportador nos exige grandes esforços em certificar
produtos aos mais diversos mercados, cada vez mais exigentes em relação à
condição sanitária dos rebanhos. Isto representa um grande desafio para
o Serviço Veterinário Oficial - SVO, responsável não somente pela
certificação, mas também pela elaboração de diretrizes, estratégias e
políticas públicas de saúde animal que garantam a manutenção e abertura
de mercados e crescimento do setor agropecuário nacional.
O SVO
precisa usar um número crescente de princípios, métodos e ferramentas
epidemiológicas, como: vigilância baseada em risco; certificação de
rebanhos livres; zonificação e compartimentação, avaliação e critérios
de utilização de testes diagnósticos; modelos de dispersão de doenças;
análise de risco; estudos para planejar ou avaliar opções de gestão
sanitária; investigação de focos e avaliação econômica e determinantes
sociais na saúde animal. Com esse propósito, a disciplina inclui
conhecimentos gerais sobre as instituições internacionais que regulam o
comércio (OMC) e a sanidade animal (OIE) à escala global. É apresentada a
estrutura do SVO no Brasil e sua relação com o setor produtivo e os
atores sociais que fazem parte das cadeias de valor da pecuária
nacional. São trabalhados métodos de planejamento e avaliação de
estratégias sanitárias, com discussão dos principais programas, assim
como de certificação de zonas e compartimentos sanitários.
Serão
utilizados estudos de caso de enfermidades de alto impacto econômico
e/ou zoonótico, discutidas políticas públicas de sanidade animal e
apresentados temas de grande relevo e atualidade, com enfoque
metodológico. Pretende-se que o aluno entenda a necessidade de
implantação e os métodos de planejamento de programas que visam promover
a saúde das populações animais e a saúde coletiva. Durante todo o
curso, o aluno deverá ser estimulado a integrar conhecimentos de várias
disciplinas com a finalidade de resolver problemas complexos, integrando
o conhecimento técnico com os fatores socioeconômicos e ambientais,
assim como de organização institucional.
A disciplina é
profissionalizante e visa complementar a formação de base para prover os
médico-veterinários recém-formados com conhecimentos e sentido crítico
necessários para atuar em defesa sanitária animal, de acordo com as
recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal – OIE